O que é Celas de aula?

Este blog tem por objetivo detalhar minha experiência como professora de uma unidade da Fundação Casa em São Paulo (antiga Febem)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Quem é a vítima?

Opinião...

A sociedade moderna é, por excelência, baseada nas divisões e nas diferenças, sejam elas de carater social, étnico, de gênero, sexo, entre outros. Talvez o maior dos desafios seja não converter as diferenças em desigualdades, subordinando um grupo em detrimento ao outro. O papel fundamental dos Direitos Humanos é garantir a distribuição e acesso as leis fundamentais.

Profundamente atravessada por diferenças, o crime está erroneamente associado a pobreza, nela se encontram os indivíduos que, equivocadamente, são classificados como não sendo um sujeito de direitos. Essas ideias preconceituosas, que muitas vezes são alimentadas pelas mídias animam e justificam o discurso de extermínio desses sujeitos. A criminalidade é consequencia da falta de educação(formal ou não) e escolaridade, e não vinculada a pobreza. Vejo a pobreza como consequencia. Um círculo vicioso.

Dentre muitos desafios, podemos evidenciar que há um espaço reduzido para a divulgação de que forma os Direitos Humanos são violados. Não é proibido denunciar, porém o espaço em que estes temas são tratados, ainda são as mídias elitizadas, onde se alcança os já "convertidos" e adeptos da discussão, desta forma não há um constrangimento efetivo, de maneira a alterar as práticas dos sujeitos que mesmo quando violam os Direitos Humanos ficam imunes a qualquer tipo de punição em função de pertencer a determinada etnia, classe, nível de escolaridade, altos cargos políticos ou estatus social.

Os Direitos Humanos representam o direito do valor da pessoa humana, é onde, teoricamente, os indivíduos são portadores de um patrimônio comum. A temática dos Direitos Humanos diz respeito ao valor da dignidade da pessoa humana. A violação dos Direitos Humanos surge como algo que foi sentido por todos depois do que fio a experiência totalitária, cujo paradigma do horror foi o Holocausto. No Brasil começamos a usar a expressão por volta de 1960, com forte influência da Declaração Universal. O golpe militar de 64 inaugurou um período de práticas de tortura, violência, ações arbitrárias, nasce, em consequência disto, um novo Brasil. Como diz Montesquieu "a força do grupo compensa a fraqueza individual", está foi a ideologia necessária para resistir a ditadura e instaurar organizações sociais importantes para o encaminhamento e a afirmação dos valores humanos. Quando um homem é torturado ou humilhado em seus direitos básico a humanidade é ofendida.

A constituição de 1988 passa a garantir direitos sociais contundentes e cria mecanismos orçamentários, principalmente para as áreas da educação e saúde nos anos 90. O país tem uma solida e estruturada democracia, um processo eleitoral honesto, porém ainda são violados direitos civis básicos como a vida e a integridade física.

Em suma, a palavra-chave é: ACREDITAR. De nada adianta a tantas leis e normas se o que a gente percebe é a ausência disto. Acreditar em nosso trabalho, no colega de nosso convívio, no adolescente que cumpre pena.
 
... mero desabafo.

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